domingo, 21 de março de 2021

Como a moda transmite posições políticas e momentos da história

Nada passa incólume pela história e, no mundo globalizado em que vivemos, é difícil de imaginar qualquer coisa que não seja constantemente impactada pelos acontecimentos políticos, econômicos, sociais e ecológicos. A moda não seria diferente.

Indústria poderosa, preserva o glamour da alta costura, alça modelos ao estrelato, cria sonhos de consumo; ao mesmo tempo, carrega uma narrativa simbólica, marcada por atos de luta e ativismo que permitiram que se adequasse a cada época e a transformaram no que é hoje. Moda é ferramenta de expressão e política, usada muitas vezes pelos movimentos de mulheres.

Em 1968, por exemplo, quando o mundo borbulhava com manifestações e oposições mil, um protesto nos Estados Unidos chamou a atenção. Cerca de 400 mulheres se reuniram em frente ao teatro onde acontecia o concurso Miss América para se libertar de instrumentos de opressão: sutiãs, sapatos de salto alto, espartilho, cintas e até produtos de beleza – daí vem a famosa história da queima do sutiã, que aconteceu apenas simbolicamente, já que a prefeitura impediu qualquer pirotecnia.

No topo, prosseguindo em sentido horário, Pabllo Vittar no MTV Europe Music Awards, também em 2019, ressaltando o vazamento de óleo nas praias do nordeste; Gaby Amarantos combateu os padrões com o vestido usado no Prêmio CLAUDIA, em 2019; Kamala Harris, a primeira mulher vice-presidente norte-americana no dia da posse, quando usou o simbolismo na moda a seu favor; foto da manifestação de 1968; desfile da Think BlueFotos Pabllo Vittar, Kamala Harris, protestos Miss America, Getty Images; Gaby Amarantos, Instagram/reprodução; desfile/Agência Fotosite

 

Muitas das participantes, enquanto questionavam o patriarcado, exibiam suas controversas minissaias. O evento fez parte de década de muito questionamento, que inspirou desejos de liberdade durante os anos 1970.

Cinquenta anos depois, o movimento Time’s Up, criado por atrizes, diretoras e produtoras de Hollywood, denunciou abuso e assédio sexual no meio. Para reforçar a mensagem, exibiram, em unanimidade, looks na cor preta durante a cerimônia do Globo de Ouro de 2018.

Há alguns meses, na posse da vice-presidente norte-americana Kamala Harris, o grande destaque foi a variedade de looks – a maioria de designers negros e mulheres – em tons de roxo desfilados por convidadas e por ela mesma.

Especialistas lembraram que a cor remetia ao movimento sufragista. Não foi a primeira vez que a moda de Kamala atraiu olhares. Durante a campanha, ela quebrou protocolos ao combinar seus terninhos com tênis Converse, reforçando a ideia de uma política mais progressista e menos careta.

Do topo, prosseguindo em sentido horário, as modelos do desfile Think Blue, marca de upcycling, mostram os cartazes de protesto; Alexandria Ocasio-Cortez, congressista norte-americana que se destaca pelos looks; as mulheres do Time’s Up, em 2018; a camiseta da Dior; em 1968, placa diz: “Todas as mulheres são lindas”. Na página ao lado; Mariana Ximenes celebrando o cinema brasileiro após cortes de verbas públicasFotos desfile, Agência Fotosite; Dior, Alexandria Ocasio-Cortez, Time’s Up, Getty Images; Mariana Ximenes, Instagram/reprodução; as demais,/Divulgação

 

Nem só em grandes eventos ou marcos que as roupas viram símbolo. Nas semanas de moda, as coleções são reflexo do contemporâneo – e fazer essa interpretação dá mais profundidade ao show.

Em 2016, a camiseta com a frase “We should all be feminists” (devíamos todos ser feministas, em tradução livre) parou a Paris Fashion Week na histórica estreia de Maria Grazia Chiuri, primeira mulher diretora-criativa da Dior. A peça é vendida até hoje pela grife francesa.

Moda acontece todos os dias muito antes de virar uma roupa no seu armário. Ela provoca discussões, permite que você se reafirme ou passe mensagens diversas. Assim como a história, seguirá em evolução e construção.

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<span class="hidden">–</span>Fotos/Divulgação

 

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